Com o objetivo de avaliar os novos cenários para os cereais de inverno, aliado a estratégias capazes de potencializar os resultados na soja, a Aprosoja tem trabalhado com a Embrapa Trigo no estabelecimento de Unidades Tecnológicas em Sistemas de Produção Rentáveis no Rio Grande do Sul. No dia 12/10, um dia de campo apresentou alternativas para produção de alimentos, fibras e energia em Santiago, RS.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Embrapa Trigo, Marcelo Klein, o dia de campo apresentou 14 cultivares de cereais de inverno, como aveia, cevada, centeio, trigo e triticale. “Avaliamos junto com os produtores a diversidade de alternativas que podem gerar renda no inverno gaúcho, desde a produção de grãos, a produção de forragens ou mesmo a produção de biomassa”, conta Klein.
Para o produtor Júlio Freitas Lima, anfitrião do dia de campo em Santiago, o destaque do evento ficou nas abordagens técnicas das apresentações, que permitiram a interação com os participantes auxiliando na tomada de decisão quanto a melhor alternativa para compor o sistema e o manejo mais adequado à cada realidade. “Precisamos aproveitar melhor o inverno sem comprometer a semeadura da soja, ajustando para um resultado final que quantifique a renda obtida com as diferentes culturas ao longo do ano”, avalia o produtor.
O grupo de trabalho, formado por profissionais da Aprosoja, Embrapa Trigo e Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) já está planejando as unidades de verão e de outono, visando a movimentação de renda nas propriedades o ano todo. A partir de agora, pesquisadores da URI deverão realizar análises bromatológicas para verificar a composição química dos alimentos, bem como seu valor nutricional e propriedades físicas dos cereais de inverno nas fases pasto, pré-secado, silagem e grãos. “Vamos sistematizar um histórico com informações de acompanhamento, manejo e avaliações nas unidades tecnológicas, aproximando o produtor dos resultados já conhecidos pela pesquisa, numa transferência de tecnologias mais rápida e adequada às demandas regionais dos associados da Aprosoja”, conclui Marcelo Klein.
Resultados ampliados na soja
No plano de trabalho desenhado pela Aprosoja-RS com a Embrapa Trigo, ainda no final de 2021, foram levantados temas para pesquisa e transferência em genética, manejo do solo, adubação, ajuste fitotécnico, bioinsumos e diversificação de culturas. Conforme o engenheiro agrônomo da Embrapa Trigo, Giovani Faé, o sucesso na produção agropecuária está no solo: “O manejo do solo é a base do trabalho no campo. Abriremos trincheiras para avaliar o perfil do solo ao longo das diferentes safras, verão-outono-inverno, para avaliar a melhoria com a intensificação dos sistemas produtivos”.
De acordo com trabalhos da Embrapa Soja, a boa cobertura do solo e o aporte de raízes geradas pelos cereais de inverno pode refletir em um aumento de até 50% na produtividade da soja no verão. Ainda, a cobertura e as raízes podem reduzir impactos com déficit hídrico, já que ajudam a reter a água armazenada no solo, além de proteger da exposição direta à luz solar.
Atualmente, o Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor de soja do Brasil, atrás do Mato Grosso. Na última década, a área de cultivo no RS cresceu 34%, enquanto a produtividade cresceu 17%. “A média de produtividade estagnou em 50 sacos por hectare, com quebras frequentes em função de estiagens. Mesmo com o avanço tecnológico, está difícil crescer em produtividade, então a intensificação do sistema produtivo, com duas a três afras por ano, é a melhor alternativa para aumentar a renda nas propriedades gaúchas”, afirma Giovani Faé.
Fonte: AGROLINK