Lançada trimestralmente pelo Ministério da Agricultura, a publicação traz em sua edição de julho-agosto-setembro um artigo escrito por Adriano Pereira de Castro, Carlos Magri Ferreira e Rodrigo Sérgio e Silva, do corpo de Pesquisa e de Transferência de Tecnologia da Embrapa Arroz e Feijão, com dados queapontam os benefícios e a segurança da adoção do arroz em sistemas intensivos, com sucessão de culturas irrigadas por pivô central no Cerrado. Questões de Logística, com a redução do custo do transporte desde a área de produção até a indústria; a compensação do investimento em equipamentos pela produtividade e rendimento de grãos inteiros; e a competitividade com o arroz do Sul do País foram questões de grande relevância na conclusão positiva da pesquisa, realizada em 2022 (acesse aqui a Revista).

Atualmente, o abastecimento interno de arroz tem sustentação quase que exclusiva na produção do Estado do Rio Grande do Sul. Entre os pontos apresentados pela Revista demonstrando a viabilidade da realização e os ganhos com a inserção das áreas de sequeiro na matriz produtiva, estão a melhoria do manejo do solo, o controle de pragas, a disponibilidade de biomassa ou palhada de alta qualidade, o uso eficiente de água, emissão nula de metano e a ausência de arsênio nos grãos, decorrentes do plantio irrigado por pivô central. Além disso, a cultura do arroz envolve questões sociais e ambientais de grande significado, como geração de empregos, segurança alimentar, opção de diversificação e sustentabilidade da Agricultura, de forma geral. Assim, expandir o plantio a outros estados levará muito mais benefícios que apenas aos produtores diretamente.

Com o desenvolvimento de pesquisas em melhoramento da cultura, o Brasil se tornou, já há muito tempo, autossuficiente no abastecimento de arroz. Vale ressaltar que somos o único País no qual o sistema de terras altas desempenha papel fundamental no consumo interno, atuando como regulador de preços e favorecendo a melhor distribuição, aproximando a produção das regiões consumidoras, pela expansão territorial.  Segundo a Embrapa, na safra 2019/20, o que se produziu em sequeiro respondeu por 9,5% do total colhido no País.

A safra brasileira 2020/21 produziu 1,4 milhão de toneladas a mais que o consumo. Embora o Sul do país se sobressaia e muito, há estados em outras Regiões que também conseguem superar suas demandas internas, como, no Norte, Roraima, Rondônia e Tocantins. Esse último, segundo maior produtor no Brasil, poderia atender com seu excedente quase um terço do déficit da Região Nordeste, onde todas as unidades federativas são deficitárias. No Centro-Oeste, só Mato Grosso consegue suprir sua necessidade. O Sudeste é abastecido quase que exclusivamente pela produção de outros estados, sendo que as indústrias de beneficiamento de arroz do Triângulo Mineiro, que detêm mais de um terço do mercado, importam a matéria-prima do Paraguai.

Segundo Adriano Castro, esse estudo não pretende propor que o sistema de produção de arroz sob pivô central provoque uma disrupção e venha a ser, no curto prazo, substituto dos eficientes sistemas de produção irrigada do Rio Grande de Sul, de Santa Catarina e do Tocantins. A ideia central é expor, subsidiar e embasar tomadas de decisão pelo lado produtivo e das políticas públicas, sobre o potencial do Arroz de Terras Altas em assumir protagonismo na produção nacional, principalmente em determinadas regiões e cenários, situação que pode contribuir significativamente para a segurança alimentar. Produzir alimentos localmente é a melhor maneira de garantir a segurança alimentar e evitar distúrbios decorrentes da globalização e de incertezas internacionais.

Porquê investir recursos humanos e financeiros no aperfeiçoamento desse sistema de produção?

A resposta está em um dos principais papéis da pesquisa científica, que é antecipar soluções de potenciais problemas, oferecendo alternativas para que os produtores realizem de maneira sustentável seus negócios e garantam produtos para suprir as demandas da população. A atual situação da oferta de arroz pode ser alterada repentinamente, considerando-se a concentração da produção. Alguns sinais já estão ocorrendo: a área cultivada com arroz irrigado está recuando a cada ano; o cultivo da soja está avançando sobre áreas de arroz irrigado; o endividamento dos produtores; e reveses climáticos e questões ambientais no Rio Grande do Sul – na atual safra 2021/22, por exemplo, notícias dão como significativa a quebra de produção naquele Estado, decorrência de forte seca e indisponibilidade de água (Canal Rural, 2022).

FONTE: Agrolink

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