As eleições se foram e o país se prepara para um novo ciclo, tal qual o fez há quatro anos. Esta é a essência da democracia. Um sistema que por mais imperfeito que seja ainda é o mais adequado e procurar trabalhar, apoiar e financiar seus candidatos preferidos. Cessou-se a apuração, declarou-se um vencedor, respeite-se o resultado e que se volte às atividades normais. Nada de desculpas e muito menos contestar o voto que não foi depositado nas urnas.

Vamos ao Agronegócio 

Não há absoluta indicação de que o Brasil não continuará com sua produção em crescimento. Seu papel no cenário mundial de alimentos está fortalecido. É um setor pujante e que incorpora ganhos a cada ano. Basta ver as estatísticas. 

Desde os anos 70, a produção agropecuária brasileira cresce acima da maioria dos países, conquistando novos mercados e se estabelece como um importante parceiro no cenário mundial.

Alguns insistem que há uma conspiração contra o Brasil por algumas críticas dirigidas ao agronegócio nacional. Uma bela falácia. Não há país pobre ou rico, do hemisfério Ocidental ou Oriental, do Norte ou do Sul que não reconheça, admire e inveja o que tem sido a conquista brasileira no campo agrícola nas últimas décadas. 

Internamente há uma transição em andamento e até o momento nenhum risco de que o setor deixe de ser considerado prioritário, ao lado da educação, da saúde e do investimento em infraestrutura para o governo brasileiro. 

A hora de dar continuidade ao plantio

O plantio já foi iniciado em grande parte no Cerrado e de forma antecipada a chuva chegou ao Sertão, o que seria esperado no mês de dezembro. 

As políticas de crédito foram estabelecidas e a busca por colheitas mais robustas é o que se almeja, uma vez que os principais parceiros comerciais do agronegócio nacional acenam por fortalecimento nas relações como Brasil, em especial porque têm consciência de que este é um dos poucos países com capacidade de expansão da produção e em segundo lugar pela necessidade de alimentos e matérias primas agroindustriais. Que o diga a Ásia, a África, a América Latina e até a América do Norte e a Europa.

Os ganhos de produtividade do milho, da soja, do trigo, do arroz, das pastagens não retrocederão. Pelo contrário. Nem haverá marcha à ré aos avanços da mecanização, da adoção do plantio direto, da integração lavoura x pecuária x floresta, do controle integrado de pragas e do uso intensivo de microrganismos benéficos a exemplo das bactérias fixadores de Nitrogênio e dos solubilizadores de Fósforo. 

No que se refere à biotecnologia e ao melhoramento genético, todos os anos o país conta com dezenas de novas cultivares e híbridos desenvolvidos por instituições públicas ou privadas elevando a capacidade fotossintética, resistindo à pragas e enfermidades e adaptando-se a ambientes mais hostis devido às mudanças climáticas em curso.

Demanda e produtividade em ascensão

A tendência dos próximos anos, apesar da crise que o país atravessa, não compromete a demanda por alimentos no Brasil e no exterior. 

Os principais parceiros comerciais do Brasil, a exemplo da China, deverão aumentar as aquisições de grãos, carnes, açúcar e produtos celulósicos e de etanol, caso se eleve a produção nacional. 

Puxando-se a demanda, a oferta deve ir junto e não será fácil encontrar algum concorrente de médio prazo capaz de perturbar as exportações brasileiras.

No caso do Nordeste, em se confirmando o aumento da produção de grãos em áreas próximas aos polos avícolas, de processamento de farinha, de bebidas e aos frigoríficos de bovinos e caprinos, há uma chance de oportunidade para a região, iniciando-se pelo estado de Pernambuco ao participar das vendas externas de carnes e ovos.

A região consolidou seu papel como exportadora de frutas e flores, destacando-se os Vales do São Francisco, do Moxotó, do Apodi e a Chapada da Ibiapaba.

Portanto bem mais tem por vir à medida que micro perímetros, pequenos aquíferos e a malha de distribuição de água e outras obras hídricas passem a ser usadas mais intensamente na irrigação de produtos de alto valor agregado. 

Não há perturbações à vista

Quer no cenário interno quanto no externo não há indicativo algum de sobressaltos. A pandemia da Covid 19 e a guerra da Ucrânia trouxe à superfície pontos críticos que, por muito tempo, foram negligenciados como a dependência tecnológica da agricultura brasileira por fertilizantes químicos, defensivos, máquinas, sensores, drones, imagens de satélite.

Chegou o momento de se adotar uma nova agenda de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Um momento em que empresas como a Embrapa, as universidades públicas e privadas e as empresas que contam com programas científicos entre suas atividades de reverem seus planos estratégicos e adequar o agronegócio nacional ao que se espera da nação. 

Sendo bom lembrar que a região Semiárida está pronta para participar desse movimento ascendente uma vez que, conforme tem se mostrado, esta nave decolou. 

2030 é logo ali 

Alguns não conseguem ver e poderão ser retardatários e, portanto, perdedores, por não terem capturado os sinais visíveis e continuarem apostando em um cenário que ficou para trás. O ano de 2030 é logo ali e com ele vem o desafio do Brasil alcançar a produção de 400 milhões de toneladas de grãos

Um lembrete. Em se tratando de recuperar a Embrapa, não há como fazê-lo sem uma negociação com os governos estaduais visando o fortalecimento das instituições locais de pesquisa e desenvolvimento.

 Já quanto ao futuro programa de extensão, os instrumentos mudaram, novos atores surgiram como o Senar, o Sebrae e as empresas privadas de assistência técnica, mas o esforço governamental dirigido à pequena e média propriedade continua se fazendo necessário. 

Não nos moldes tradicionais, mas com uma visão que incorpore o que de atual se encontra disponível aos empresários e empresários do semiárido.

Fonte: Jornal do Sertão

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