Combater as mudanças climáticas e atender a demanda de alimentos da população mundial de forma sustentável são dois dos maiores desafios do nosso tempo. A biotecnologia oferece soluções para ambos. A produção de alimentos responde por parte das emissões globais de gases de efeito estufa, e com uma população global superior 8 bilhões de pessoas, o desafio é encontrar novas formas para produzir alimentos de forma sustentável.
Várias ideias inovadoras estão sendo desenvolvidas. A seguir algumas delas.
O que é carne de laboratório e como é produzida?
A transição para um sistema alimentar sustentável e capaz de mitigar as mudanças climáticas pode parecer uma missão impossível, mas as perspectivas são promissoras. O último relatório do IPPC demonstra claramente que os sistemas agrícolas e alimentares podem ter um potencial de mitigação significativo e, o que é ainda melhor, existem inúmeras soluções prontas e disponíveis para implantação. Por exemplo, as biosoluções, incluindo a utilização em larga escala de biofertilizantes, biopesticidas e aditivos probióticos para rações, podem ajudar a reduzir 8% das emissões globais de GEE até 2030.
O papel da biotecnologia em sistemas alimentares sustentáveis
A biotecnologia também é parte da solução para transformar nossa economia e agricultura. Enquanto no passado nos concentramos principalmente em oferecer aos produtores alternativas sustentáveis e à redução do desperdício de alimentos, as atuais soluções biotecnológicas inovadoras oferecem à sociedade a possibilidade de mudar para uma economia e dieta mais sustentáveis. Hoje é possível oferecer proteínas de origem vegetal com o mesmo sabor aroma e textura das de origem animal.
Por exemplo, A startup americana BIOMILQ desenvolveu o primeiro leite infantil produzido em laboratório utilizando células mamárias, enquanto a Roslin Tech, uma empresa de alimentos e agrotecnologia com sede em Edimburgo, já produz carne a partir de células animais cultivadas em laboratório e sem o uso de animais. Além disso, a Novozymes produz proteínas idênticas às proteínas da carne, com a notável diferença de que requerem apenas 10% de terra e água e emitem 90% menos CO2 em comparação com a carne bovina.
Quando poderemos usufruir todo o potencial da biotecnologia?
Na Europa, os investimentos públicos e privados em pesquisa e inovação levaram à descoberta de novas soluções sustentáveis com grande potencial para acelerar a transição verde no sistema agroalimentar. Mas infelizmente, muitas dessas descobertas científicas se perdem devido a obstáculos legais que impedem o uso das inovações quem saem dos laboratórios.
As alternativas à carne são um bom exemplo disso. Apesar do crescente interesse público e de empresas emergentes neste campo, o longo processo para autorização de comercialização levou a uma situação em que nenhuma empresa ainda solicitou a aprovação de produtos de carne na Europa.
A situação é diferente nos EUA, onde a Food and Drug Administration aprovou recentemente o uso de carne produzida a partir de células vivas de galinhas para consumo humano, abrindo caminho para uma dieta mais ecológica. Cingapura foi o primeiro país do mundo a introduzir a carne cultivada aos consumidores.
Sem um elevado nível de ambição e confiança na ciência, não conseguiremos atingir os objetivos climáticos tão desejados, o que terá consequências nefastas para as pessoas e para o planeta.
Já estamos vendo os impactos devastadores das mudanças climáticas, e será fatal ignorar as soluções disponíveis como as oferecidas pela ciência. As decisões que tomamos agora, seja por meio de políticas, negócios ou na sociedade, terão grande impacto em nosso futuro. Não será fácil, pois toda mudança de paradigma requer esforço e determinação, mas precisamos nos esforçar.
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O material é do Canal Agricultura A a Z.
Fonte: Agrolink