A produção agropecuária pela abertura de novas fronteiras agrícolas nos anos sessenta e setenta não poupou os biomas nacionais. Eles sofreram a intervenção do produtivismo agrícola. O que importava era aumentar a produção e a produtividade das lavouras e criações.

Na Mata Atlântica, a diversificação e intensificação da produção agrícola, levaram a depredação ambiental e perda de biodiversidade. Restrições no meio ambiente e na saúde das pessoas foram anotadas, a exemplo da contaminações das águas e de problemas sanitários como o Mal de Chagas e a Febre Amarela.

No Cerrado, bioma em que o avanço da agricultura é mais recente quando comparado à Mata Atlântica, apesar de ter se tornado referência mundial na produção de grãos, fibras e carnes, a intensificação da escala proporcionou restrições ambientais e prejuízos à biodiversidade. A ocupação desordenada e a consequente degradação dos solos nos Cerrados, tido como o berço das águas no Brasil, está contribuindo para a crise hídrica das regiões Sudeste e Nordeste e, principalmente, no ciclo das águas no Pantanal.

Na Caatinga, bioma genuinamente brasileiro, a evolução da agricultura contribuiu para aliviar a pobreza na região, mas causou desmatamento e até desertificação. Por ser uma agricultura exigente em tecnologia e capital, é dependente da água oriunda do Cerrado. Essas limitações no decorrer do tempo, não possibilitou um alívio significativo da pobreza. Como consequência, a agricultura dependente de chuva se manteve praticamente marginal, intensificando seu caráter predatório ao meio ambiente.

A agricultura no Pantanal e na Amazônia, apesar de atividade secular, tem contribuído para a predominância de uma agricultura predatória. As tentativas de avanço do modelo de agricultura que predomina no Cerrado e na Mata Atlântica nesses biomas têm sido objeto de críticas nos planos nacionais e internacionais.

Sucessos, virtudes e restrições da agricultura brasileira são evidentes. As suas contradições estão postas. Evidências demonstram que há mais de três décadas o Brasil está preso ao que o Banco Mundial denominou por “Armadilha da Renda Média”. Isso quer dizer que o desenvolvimento econômico depende da mudança estrutural e que a transição do setor primário para o secundário é mais difícil e depende da introdução bem sucedida de um sistema estruturado, sustentável e eficiente de inovação. Uma transição que exige recursos humanos, tecnológicos e organizacionais para otimizar a amplitude da economia.

 

A história registra que entre as décadas de 1930 a 1980, o Brasil manteve um crescimento invejável no mundo, passando por profundas mudanças estruturais, deixando de ser um país agrícola,construindo um sistema industrial diversificado e infraestrutura de apoio, ao mesmo tempo em que integrava importantes forças econômicas, como bancos de desenvolvimento e empresas estratégicas. A partir dos anos 80, a crise da dívida minou este modelo de desenvolvimento. De um lado, o mercado não é capaz de se autotransformar, e de outro lado, as políticas de longo prazo para promover o crescimento do emprego e da renda, combinadas com políticas industriais, científicas e tecnológicas, importantes para cruzar a Armadilha da Renda Média e alcançar o desenvolvimento sustentável, são negligenciadas pelo Estado.

Ao final, o Brasil precisa investir em inovação com ênfase numa agricultura sustentável e específica para a diversidade de seus biomas.

 

Fonte: 93niticias.com.br

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