Empresas exportadoras de frutas começaram a trilhar as práticas de ESG bem antes do surgimento do termo, no início dos anos 2000 – a adequação de boas práticas era o único passaporte para se sustentarem no mercado exportador. De lá para cá, muitas ações avançaram no setor de HF, sendo alguns fatores, atualmente, exigidos pelo próprio mercado nacional.
Segundo o sócio fundador da Agrícola Famosa, Luiz Roberto Barcelos, há 20 anos, o termo ESG ainda não existia. As melhorias, de acordo com Barcelos, eram chamadas de “Boas Práticas Agrícolas” e precisavam entrar na cultura da empresa, sendo aceitas pelos gestores, chegando aos funcionários. Barcelos comenta que “no começo, ter aderência aos critérios do conceito aumentou nosso custo para produzir, mas, com o passar do tempo, quem não se adequou às exigências perdeu espaço no mercado de exportação e credibilidade no mercado interno. Além disso, toda essa necessidade de controle sobre os procedimentos, acompanhando tudo que é feito até a fruta chegar ao destino, trouxe à Agrícola Famosa maior qualidade sobre o seu produto final”.
É importante ressaltar que um “Plano de Sustentabilidade” é personalizado para cada empresa e deve ser focado no impacto de ações na comunidade local e em toda a cadeia de suprimentos, desde a compra de insumos até a comercialização de seus produtos. A consultoria Euromonitor tem uma coleção de artigos e pesquisas sobre os resultados de empresas globais com práticas sustentáveis. E, para os iniciantes, a consultoria propõe que a empresa faça uma série de reflexões sobre o papel da sustentabilidade no negócio da empresa. Para o estabelecimento de metas, uma ferramenta auxiliar é usar as “Metas de Desenvolvimento Sustentável”, da ONU – disponível em: https://sdgs.un.org/es/goals. Além disso, a empresa deve desenvolver um plano sustentável que conecte as iniciativas de sustentabilidade com os benefícios do seu negócio.
A Paripassu, empresa que oferece soluções tecnológicas para a cadeia de alimentos, pode auxiliar nesse processo de ESG. Uma das orientações da Paripassu é monitorar todas as etapas da empresa, desde a compra ou a produção do alimento, lá no campo, até registros dos processos da gestão da qualidade dos seus produtos. Assim, o cliente saberá todo o caminho que o produto percorreu e terá acesso a documentação de históricos e registros da sua empresa.
Outra recomendação importante, principalmente para empresas de pequeno e médio portes, é procurar parcerias. A Asbanco (Associação dos Bananicultores de Corupá) destacou que o impulso de ESG em Corupá (SC), principal polo produtor de banana de Santa Catarina, veio da valorização do produto, por meio dos moradores locais e de parcerias, como as realizadas com o Banco Mundial e Sebrae. A Abanorte (Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas), por sua vez, está desenvolvendo uma marca denominada “100% Nortineira”, que poderá ser usada pelos produtores da região que atenderem a uma série de especificações, incluindo boas práticas de ESG.
Fonte: Agrolink