O sistema “On Farm” de produção de biológicos é uma abordagem intrigante que está chamando a atenção da comunidade agrícola. Ele envolve a produção de microrganismos diretamente na fazenda, oferecendo uma vantagem notável: a redução significativa dos custos em comparação com produtos formulados. Isso se torna particularmente relevante para agricultores que operam em grande escala.
No entanto, a produção “On Farm” tem sido alvo de críticas contundentes devido à falta de regulamentação e controle de qualidade. As empresas tem se apoiado legalmente no artigo 8º do decreto 10.833/2021 que diz: “Ficam isentos de registro os produtos fitossanitários com uso aprovado para a agricultura orgânica produzidos exclusivamente para uso próprio em sistemas de produção orgânica ou convencional”.
De acordo com Franquiéle Bonilha da Silva, Doutora em Ciência do Solo, os produtores possuem boa intenção, porém as empresas pecam quando o assunto é uma assistência técnica pós-venda, deixando a produção totalmente a cargo do produtor, que na maioria das vezes não dispõe de mão-de-obra especializada, que seria essencial para uma produção de bioinsumos de qualidade.
Bonilha ainda salienta que, um dos principais riscos quanto a isso, é a contaminação do sistema resultando na redução da eficiência ou até mesmo a total inativação do organismo alvo. Além disso, há um grande risco quando a patogenicidade desses organismos, a humanos, animais e às plantas a serem inoculadas. O que vai totalmente contramão dos produtos biológicos formulados, que passam por rígido processo de registro e fiscalização quanto a controle de qualidade. Outro ponto preocupante, é que as empresas geralmente ofertam o mesmo meio de cultura para a produção de todos os tipos de organismos.
Biologicamente falando, é impossível que se mantenha uma produção de qualidade, já que cada tipo de organismo tem uma demanda nutricional diferente (principalmente quando se refere a micronutrientes, vitaminas e alguns aminoácidos essenciais específicos) e condições ambientais de crescimento variáveis (temperatura, pH, etc.).
Fonte: Agrolink