A diretoria da AEASE realizou nesta quarta-feira, 30 de novembro, importante visita a N. S. da Glória, Monte Alegre e Poço Redondo, três entre os municípios mais atingidos pela mais severa seca da história, que já dura cinco anos, e viu um quadro verdadeiro preocupante e desolador e que, caso persistam as atuais condições climáticas, deverão clamar por intervenções governamentais mais enérgicas.
Os prognósticos disponíveis não são nada alentadores, conforme se viu durante evento de audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe, na semana anterior, quando as previsões apontam para mais um ano de seca.
O fato que chama mais atenção, neste ano, é a atipicidade da forte ausência de chuvas no outono-inverno, normalmente pródigo e garantidor de safras, mas que, em 2016, mostrou-se totalmente deficitário em todas as microrregiões do estado, principalmente no Alto Sertão.
Como consequência, a frustração de colheitas ficou evidenciada nas principais regiões produtores de grãos, sendo que, no caso do milho, houve perdas altamente significativas, até da ordem de cem por cento.
A situação ainda não chegou ao ápice, porém já beira os limites da capacidade de resistência das unidades agrícolas, por causa da falta de água e também de volumosos para os rebanhos leiteiros que formam a principal bacia do estado.
Durante a visita, os dirigentes conversaram com chefes do executivo municipal dessas três cidades, bem como foram ouvidos relatos e os mais emocionados lamentos dos produtores, extremamente apreensivos que estão porque já atingiram a um ponto de colapso de reservas de água para dessedentar os rebanhos, e também por falta de volumosos para garantir um mínimo de alimentação.
Até a palma forrageira, planta xerófita adaptada a sobreviver com poucas chuvas, está sentindo a falta de água e não apresenta as raquetes em estado túrgido normal, sem o espessamento devido, mas está ficando murcha e enrolada.
Em vista disso, tanto os produtores quanto os prefeitos se mostraram muito preocupados se não houver chuvas nos próximos meses, configurando-se um quadro de perplexidades e de perdas irreparáveis.
Para o presidente da AEASE, Fernando Andrade, que esteve, ao lado de João Amaral e de Emanuel Donald, realizando esta visita técnica, é preciso que o assunto volte a merecer total acuidade das autoridades do Poder Executivo e dos senhores parlamentares, no sentido de se buscar o imediato acionamento de medidas que possam minimizar tais efeitos. Destacam-se entre as medidas o abastecimento d’água dos rebanhos, cujas reservas à nível de unidade de produção já se encontram totalmente exauridas e, bem assim, prover a oferta de alimentos, através da liberação de estoques de grãos da CONAB.
Os prefeitos visitados Roberto, de Poço Redondo, Tonhão, de Monte Alegre e Chico do Correio, de N. S. da Glória foram unânimes em reconhecer e agradecer a iniciativa da AEASE de ir até a região para ouvir os produtores e os prefeitos e lideranças, para que venha a ser mais uma voz em defesa daqueles que estão totalmente vulneráveis, no sentido de que haja uma somação de esforços para o enfrentamento e a superação dessa tão devastadora seca.
Finalizando, o presidente da AEASE enfatizou que já fez chegar até o governo do Estado, desde o mês de agosto do ano em fluxo, um elenco de dez sugestões de medidas a serem postas em prática, mas que, até o momento, infelizmente, não houve nenhum retorno por parte das autoridades, lamentou Fernando Andrade, reforçando a necessidade de uma imediata somação de esforços por parte dos diversos entes que fazem interface com a situação caótica provocada pela fustigante estiagem, para a real tomada de decisões mais consequentes.
Entre os pedidos mais veementes, os produtores e prefeitos elegeram por unanimidade a construção do Canal Xingó como sendo a única intervenção estruturante capaz de colocar uma solução definitiva para enfrentar a recalcitrante e histórica seca em território sergipano.