Esposo de Angélica, pai de Vitor, Sandro e Andréa e avô de Marina e Gabriel.
Nascido no sertão sergipano, precisamente em N. S. da Glória, ainda muito jovem mudou-se pra Aracaju onde veio morar com o seu tio Eraldo Aragão, em um pensionato, pra continuar os estudos básicos e se preparar para realizar o seu grande sonho, entrar na Universidade e se formar em geologia. Mas o destino assim não quis e ele se inclinou para a engenharia agronômica, seguindo para Cruz das Almas/BA, onde fez o curso na UFB, tendo sido diplomado como engenheiro agrônomo no final de 1970.
Retornando ao estado de Sergipe, seu torrão natal, iniciou sua vida profissional no IPEAL, hoje EMBRAPA, trabalhando como pesquisador. Algum tempo depois, submeteu-se a concurso público na extinta SUDAP e tendo sido aprovado ingressou na instituição onde deu continuidade à sua atividade de pesquisador. Desejoso de melhorar sua qualificação profissional partiu para a Universidade Federal de Lavras/MG, no ano de 1976, onde fez Curso de Mestrado em Agronomia/Fitotecnia, tendo concluído em 1977. Ao retornar, retomou as suas atividades desenvolvendo um grande trabalho com a cultura da mandioca. Realizou ainda inúmeras outras atividades na SUDAP, sempre com dedicação, esmero e brilhantismo a exemplo da coordenação e execução do programa de produção e distribuição de sementes de milho, feijão, algodão e arroz para os produtores rurais do nosso estado, no qual esteve à frente por um bom tempo.
Por sua versatilidade, capacidade e ecletismo profissional, Valmor foi convidado para fazer parte da equipe técnica do “Programa de Desenvolvimento de Áreas Integradas do Nordeste – POLORDESTE”, acordo internacional celebrado entre os Governos Federal, Estadual e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD, onde trabalhou no Componente Apoio à Produção coordenando o segmento de Assistência Técnica e Extensão Rural. Posteriormente trabalhou no “Projeto Nordeste, no Subprograma de Apoio ao Pequeno Produtor Rural – PAPP”, desenvolvendo a mesma atividade anterior e em seguida trabalhou no “Programa de Combate à Pobreza Rural – PCPR”, na coordenação de projetos nas categorias produtivo, infraestrutura e social. Por fim, trabalhou na EMDAGRO como gestor do Escritório Regional em N. S. da Glória, coordenando os programas e projetos de desenvolvimento rural desenvolvidos pela empresa.
Valmor tinha uma grande paixão pela sua profissão, e nunca se arrependeu da opção pela engenharia agronômica. Foi um engenheiro agrônomo que pautou pela ética e pela valorizou profissional, foi um classista atuante por muitos anos na sua Associação – AEASE, inclusive ocupando cargos importantes na sua diretoria. Cultivou sempre a humildade, prezou pela seriedade e empenho em tudo que fazia.
Além de engenheiro agrônomo de boa cepa, Valmor também foi um médio agropecuarista e sentiu na pele as agruras de produzir no semiárido. Em muitas oportunidades pensou em desistir, mas as suas raízes, a sua bravura e amor pelo sertão, características inatas de quem nasce naquela região, sempre falavam mais alto e mesmo enfrentando todo tipo de dificuldade ele preservou um pedaço do seu chão, onde semanalmente ia renovar as suas energias, no convívio com as plantações, os animais e os amigos que gostava de visitar nos dias de feira na cidade.
Valmor tinha também uma veia jornalística, gostava muito de escrever e o fazia muito bem. Escreveu vários artigos, em sua grande maioria vinculados ao contexto da agropecuária, seja em relação à assistência técnica, ao crédito rural, à reforma agrária, à questão da seca, à bacia leiteira em todo o seu complexo desde a produção ao processamento e a comercialização.
Valmor foi um amigo extraordinário, um verdadeiro irmão, um homem de grande caráter, um profissional de gabarito, com quem aprendi muito de agricultura, mas principalmente de humanidade, naquilo que existe de mais nobre, como a decência, honradez, humildade, paciência, solidariedade, perseverança, coleguismo e amizade acima de qualquer interesse.
Mesmo diante da enfermidade, Valmor demonstrou a bravura do sertanejo que enfrenta com coragem e serenidade as vicissitudes da vida, comportando-se como “um forte”. Ao receber os amigos e colegas que iam visitá-lo demonstrava amabilidade e doçura, características que lhe eram peculiares, e relembrava momentos importantes de convivência e de trabalho. Lutou até quando teve forças e finalmente nos deixou para “cultivar” em outros campos certamente menos espinhosos do que os nossos.
Saudade, muita saudade e a lembrança eterna de alguém inesquecível!
Por: Engenheiro Agrônomo Hélio Soares Santos