Apesar da importância econômica e social do coqueiro, a produtividade média nacional ainda é baixa, e é devida em grande parte ao cultivo de materiais não melhorados como os gigantes e materiais segregantes provenientes de coleta aleatória de sementes. Estes, normalmente apresentam baixo potencial produtivo e baixa estabilidade de produção, devido em grande parte ao estresse hídrico, à grande amplitude de temperaturas e umidade, e alta susceptibilidade a pragas e doenças.
Os objetivos do melhoramento genético do coqueiro variam de acordo com o mercado a que a sua produção se destina. Além da alta produtividade e qualidade de água de coco, copra e seus produtos, características como porte reduzido, tolerância a doenças e pragas emergentes, incluindo o amarelecimento letal, elevada eficiência de utilização da água de irrigação e adaptação a condições de seca e frio são consideradas prioritárias para o desenvolvimento e sustentabilidade da cocoicultura no cenário brasileiro atual.
O coqueiro sempre foi cultivado no litoral do nordeste do Brasil, onde as condições de solo e clima são favoráveis ao seu desenvolvimento. O crescente consumo de água de coco em todo o país, as exportações para os Estados Unidos e a possibilidade de exportação para alguns países europeus teve como consequência o seu cultivo em áreas não habituais, gerando a necessidade de materiais adaptados a esses ambientes. Dessa forma, o grande desafio do agricultor é produzir mais e de forma sustentável.
Visando solucionar problemas dessa grandeza foi estruturado, sob liderança da Embrapa Tabuleiros Costeiros, o Arranjo de pesquisa “Melhoramento genético do coqueiro visando à sustentabilidade e competitividade da cocoicultura brasileira (CocoBR)”. Arranjos possuem como definição um conjunto de projetos convergentes, complementares e sinérgicos, organizados para fazer frente a desafios prioritários em determinado tema, preferencialmente a partir da visão conjunta de mais de uma Unidade da Embrapa.
A definição do termo já dá uma ideia da abrangência e, conseguinte, dos desafios do arranjo CocoBR. Este arranjo teve seu início de execução em 2015, e é composto por uma equipe multidisciplinar e multi-institucional. Fazem parte da equipe pesquisadores e analistas das mais diversas áreas de formação e de diversos Centros de Pesquisa no Brasil e exterior, além de Empresas Privadas e Universidades no intuito de atingir os objetivos propostos com maior eficiência.
O Arranjo CocoBR foi idealizado com 17 projetos de pesquisa, que é coordenado por um grupo gestor. Em seu eixo principal atua no desenvolvimento de genótipos mais produtivos e de aspectos de qualidade superiores, de fácil manejo e adaptados a estresses abióticos e bióticos como, por exemplo, o melhoramento preventivo ao amarelecimento letal, doença quarentenária. Estão sendo desenvolvidos novos cultivares de coqueiro, os quais são estratégicos como alternativa para substituição de coqueirais gigantes e segregantes predominantes nas pequenas propriedades. O arranjo também traz componentes de transferência de tecnologias com o monitoramento de tendências de mercado visando direcionar o desenvolvimento de genótipos e em ações reestruturantes da cocoicultura familiar.
Pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju-SE
emiliano.costa@embrapa.br