A produção de açúcar no centro-sul do Brasil na temporada 2020/21 deverá atingir um recorde de 37,4 milhões de toneladas, com aumento de 39,8% na comparação anual, à medida que a principal região produtora do país está aumentando o total de cana destinado para a fabricação do adoçante, enquanto o mercado de etanol sofre com o impacto das medidas para combater o coronavírus.

Caso o total previsto de açúcar seja confirmado, o volume superaria a maior marca anterior, de cerca de 36 milhões de toneladas, registrada na safra 2017/18, segundo a FCStone, que em março havia projetado uma produção de 33,1 milhões de toneladas, já considerando que o “mix” da temporada atual seria mais açucareiro.

A produção, assim, superaria em mais de 10 milhões de toneladas o volume da safra passada, de 26,8 milhões de toneladas.

Já as exportações brasileiras de açúcar estão projetadas na safra em 29,1 milhões de toneladas, o que seria um crescimento de 63%, colaborando para reduzir fortemente o déficit global esperado para o atual ano internacional da commodity.

Os negócios de exportação de açúcar, muitos deles realizados antes mesmo do impacto do coronavírus no mercado de etanol, também foram impulsionados fortemente pelo câmbio favorável.

A FCStone considerou que a moagem de cana deverá atingir 597,8 milhões de toneladas, estável ante projeção de março, mas com um aumento na comparação com as 590,4 milhões de 2019/20. Contudo, a consultoria alertou que a estiagem em junho reforçaria impactos negativos da menor umidade dos últimos meses, podendo afetar colheita de cana.

Se o tempo seco é uma ameaça à produtividade agrícola, colabora para aumentar a sacarose na cana —a FCStone elevou previsão de açúcar total recuperável médio em 1,2 kg/tonelada em relação à projeção de março, para 139,2 kg/t, e ante 138,6 kg/t na safra 2019/20.

ETANOL E COVID-19

A produção total de etanol no centro-sul do Brasil, por sua vez, deverá cair 15,5% na comparação anual, para 28,1 bilhões de litros (do combustível de cana e milho), ante 30,6 bilhões na projeção de março.

A queda na produção de etanol ocorre com as usinas destinando 47,2% da cana para produção de açúcar, versus 42,1% na previsão anterior e 34,3% na temporada anterior, segundo a FCStone.

“A revisão atual considera que, devido ao crescimento exponencial do número de novos casos e mortes por Covid-19, alguns centros urbanos continuem reforçando suas políticas de quarentena, fazendo com que a demanda nos postos permaneça arrefecida no curto e médio prazos”, afirmou.

Segundo a FCStone, a crise deverá postergar implementação de projetos de etanol de milho no Brasil, mais ainda assim a produção crescerá 39% em 2020/21, para 2,3 bilhões de litros, evitando uma queda ainda maior na fabricação do biocombustível (Reuters, 3/6/20)


Mercado de açúcar fechará 19/20 com déficit 64% menor que o previsto

O mercado global de açúcar em 2019/20 (outubro-setembro) deve ter déficit de 3,1 milhões de toneladas, uma redução de 64% na comparação com o volume previsto em março, com aumento na produção do Brasil e queda no consumo global em meio aos impactos do coronavírus, projetou nesta quarta-feira a consultoria INTL FCStone.

A produção de açúcar no centro-sul do Brasil na atual temporada deverá atingir um recorde de 37,4 milhões de toneladas na safra local 2020/21 (março-abril), com aumento de quase 40% na comparação anual, ajudando a reduzir o buraco no mercado em ano de menor disponibilidade de outras nações.

“O firme crescimento do mix açucareiro no centro-sul do Brasil na colheita de 2020 deve compensar de forma expressiva a retração observada em players como Tailândia, China, Estados Unidos e México”, disse a consultoria.

A produção total de açúcar no mundo foi estimada em 180,8 milhões de toneladas em 2019/20, alta de 3,1 milhões no comparativo anterior, mas ainda uma queda de 2,5% de uma safra para a outra.

A demanda global por açúcar em 2019/20 sofrerá impacto das medidas para combater o coronavírus, com a FCStone estimando uma redução de 2,4 milhões de toneladas no consumo mundial ante a previsão anterior, para 183,9 milhões de toneladas.

“O grande ponto a analisar é que três dos principais consumidores de açúcar no mundo, China, Índia e União Europeia, adotaram medidas restritivas de isolamento social em combate ao Covid-19, o que pesou no consumo de açúcar”, disse.

Para a nova safra 2020/21 (ano internacional), a consultoria vê excedente de 500 mil toneladas no mercado global de açúcar, com produção no mundo avançando 2,5%, para 185,3 milhões de toneladas, em meio a uma fabricação “relativamente elevada” do Brasil, que se somará à recuperação observada em países como Índia, Estados Unidos e México.

Já a demanda atingirá 184,8 milhões de toneladas, aumento de 0,4% ante a temporada atual, um índice menor que o registrado em anos anteriores, já que o PIB global terá retração (Reuters, 3/6/20)

Fonte: https://www.brasilagro.com.br/

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